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Entrar na sala que o professor Josmar Brandão Coutinho reservou em sua casa para abrigar as obras de seu pai, o Mestre Jorge, é como entrar em um universo paralelo. A madeira, trabalhada com detalhismo impressionante, dá vida a coretos, sacis, retirantes, Cristos ressuscitados, tatus, burricos, músicos e até canibais. Coutinho, porém, não quer que o acesso ao imaginário do pai continue sendo um privilégio de poucos. Ele e a família desejam tirar a obra do aconchego do lar e oferecê-la à contemplação da cidade. “Nossa intenção é dar visibilidade ao seu trabalho em um espaço adequado, que possa receber o público em geral, inclusive escolas. Aqui o acervo fica restrito a familiares e amigos, vez ou outra a algum admirador”, explica. Desde a morte do artista, em 2010, a família cultiva esse sonho, que ganhou mais um passo em direção à sua realização na sexta-feira (8). O vereador Rafael de Angeli (PSDB), que abraçou o projeto recentemente, organizou uma visita técnica à casa do filho do artista, juntamente com a coordenadora de Acervos e Patrimônio Histórico, Daniela Aquino, e com o coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiz Fernando Costa de Andrade. O grupo já havia se reunido em maio na Casa da Cultura para discutir a viabilidade da criação de uma exposição permanente. “Uma das metas do meu mandato é incentivar o acesso à cultura. Mestre Jorge é um grande orgulho para a nossa cidade e a divulgação de sua obra merece todo o apoio”, justifica o parlamentar. A visita era um passo imprescindível para a continuidade do processo. “Era preciso ter uma dimensão do volume das obras, para verificar a disponibilidade dos espaços de cultura da cidade, e posso afirmar que é superviável. Precisaremos analisar se há necessidade de algum tratamento ou restauro, e escolher um espaço onde possamos garantir a segurança e a conservação, com o cuidado que as peças merecem”, adianta Daniela. Um dos locais que certamente abrigará algumas peças será o Centro de Referência Afro, que leva o nome do artista. “Para nós, será uma honra receber as obras desse grande nome da nossa arte, que retrata com maestria a cultura brasileira”, comemora Andrade. No total, serão disponibilizadas 78 peças, entre esculturas de pequenas dimensões, como um jogo de truco, um baile de forró e uma cerimônia canibal; peças de tamanho médio, como um autorretrato, uma mãe com seu bebê e uma família de retirantes; grandes esculturas, como um bombeiro gigante, cujo irmão “gêmeo” encontra-se na sede do Corpo de Bombeiros; e quadros entalhados na madeira, como uma extraordinária representação da umbigada, uma dança afro-brasileira praticada nos quilombos. “Meu pai não tinha uma mentalidade mercadológica. Ele dava esculturas de presente para amigos e entidades, pouquíssimas peças foram vendidas. Também não queremos vender a sua obra. Nem faz sentido que ela permaneça escondida aqui”, conta Coutinho. “Cada peça tem sua história, que é também um pouco da história da cidade e do Brasil. É um legado de valor inestimável que enriquece ainda mais a nossa cultura”, completa Angeli.
O artista
Mestre Jorge nasceu Jorge Brandão Coutinho em Araraquara, no ano de 1932. Artista nato, sua primeira paixão foi o desenho. Aos 16 anos, tentou se inscrever na Escola de Belas Artes, mas sua matrícula foi recusada. “A justificativa oficial foi o seu grau de escolaridade, mas depois se soube que a recusa se fundava no preconceito. Depois disso, ele se desinteressou do desenho e voltou-se para a escultura”, conta o filho. Trabalhou como servidor público no Departamento de Estradas de Rodagem (DER), onde se aposentou, mas nunca abandonou a escultura, sua grande paixão. Suas obras – muitas das quais premiadas e expostas em várias cidades brasileiras e estrangeiras – retratam cenas e personagens da cultura popular. O artista, comparado a Aleijadinho entre os críticos de arte, faleceu em 2010, aos 78 anos. Para homenageá-lo, o Centro de Referência Afro deu seu nome à entidade no ano seguinte.
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